sábado, 23 de agosto de 2008

Ectodus descampsii - Boulenger, 1898

Nome científico: Ectodus descampsii
Origem: endémico do lago Tanganyika (região sul)
Tamanho: 12cm
Alimentação: omnívoro
Temperatuta: 24 a 28 ºC
Ph: 7,5 a 9


Descrição e Dimorfismo:
Uma linda pequena « sardinha » do Tanganyika, Ectodus descampsii não é de todo desprovido de atracções, o Ectodus vindo do sul é o verdadeiro Ectodus. Um ciclídeo muito parecido vindo do norte, denominado Ectodus sp. “norte” capturado normalmente no Burundi é mais alongado, o océlo está situado mais à frente na dorsal, sendo esta menos alta. Apesar destas diferenças mão deixam de ser muito parecidos.
O Ectodus descampsii apresenta uma certa pigmentação de amarelo limão nas barbatanas, preto brilhante nas barbatanas peitorais e no océlo e por todo o corpo apresenta reflexos brilhantes prateados.
Os machos atingem normalmente os 11/12 cm, as fêmeas raramente passam os 11cm.
É de salientar que certas fêmeas dominantes possam adquirir uma pigmentação e um comportamento dominador que nos pode fazer pensar que se trata de um macho, e sobretudo quando este não existe.
Manutenção em aquário:
Com o objectivo de observarmos o verdadeiro comportamento desta espécie, em particular na fase de acasalamento (a realização de uma cratera que servirá para o acasalamento), deveremos providenciar um aquário com 40/50 cm de largura e um bom comprimento que neste caso será de 150cm.
É uma espécie que vive em cardume, logo teremos que adquirir um pequeno grupo de 6 ou mais elementos, que será uma boa quantidade para 400L (2M4F). Um macho único no aquário não mostrará toda a sua beleza, por isso é preferível termos pelo menos 2. Assim ambos irão exibir-se para as fêmeas mostrando todo o seu esplendor.
O Ectodus é uma espécie sensível, mesmo passados alguns meses após a aclimatização, aos parâmetros da água. Não só os indivíduos selvagens são sensíveis, mas também os criados em cativeiro, embora estes últimos sejam mais tolerantes aos parâmetros físico-químicos da água. O pH deve rondar os 9, embora acima dos 7,5 já seja razoável, e a condutividade deve andar por volta dos 600ys/cm. Poderemos adicionar na água sais do Tanganyika normalmente encontrados no mercado para colocarmos os parâmetros próximos dos pretendidos.
A procura de comida ocupa-lhes uma grande parte do tempo, eles nadam junto do fundo enterrando a boca na areia recolhendo-a juntamente com o que nela se encontra, durante largos segundos largam as pequenas partículas não comestíveis pelas brânquias e os grãos de areia mais grossa pela boca.
Deve-se evitar a colocação de outras espécies arenículas no mesmo aquário. As Lestradea perspicax por exemplo, dominam-nos claramente e nenhuma cratera será visível que não seja a destas. Nenhuma reprodução dos Ectodus será possível na presença desta espécie. Assim é aconselhável escolher muito bem as espécies que vamos misturar com os Ectodus. Estas espécies devem ser muito calmas e de pequeno porte.
Não esqueçamos que o Ectodus descampsii é um peixe relativamente nervoso (stressado), o que significa que é um peixe bastante propenso a desenvolver patologias, em particular as digestivas à semelhança de outros géneros dos três grandes lagos. Como tal na presença de qualquer sintoma de rejeição de comida, de falta de apetite ou alteração na cor das fezes, devemos tratar o peixe rapidamente.
Se o peixe incha, nenhum medicamento o poderá salvar na maioria dos casos, pelo contrário se ele ainda apenas apresenta as fezes brancas e filamentosas, um produto à base de dimetridazol poderá ser eficaz.
Um produto normalmente utilizado nestes casos é o ALAZOL, à razão de 5ml/100l, é preciso manter o aquário sem luz durante o tratamento. Em dois ou três dias os peixes começam de novo a alimentar-se. É recomendável mudar 50% da água no final do tratamento.
Em casos de infecções ligeiras, a colocação de um filtro UV durante 24h pode ser suficiente para erradicar uma boa parte dos parasitas permitindo aos peixes se defenderem melhor contra esta infecção. Não esquecer contudo adicionar 2g/l de sal, dose correspondente aproximadamente à pressão osmótica do corpo do peixe, e assim poder utilizar toda a sua energia no combate à infecção.
Como outros géneros do lago Tanganyika, os Ectodus têm a capacidade de se enterrar na areia em caso de perigo, eles desaparecem quando se sentem ameaçados ou na presença de um predador.
Quando por exemplo colocamos uma rede no aquário ou fazemos um gesto brusco com a mão dentro deste, normalmente eles enterram-se completamente na areia. São momentos bastante engraçados de se observar.
Reprodução em aquário:
Esta espécie é incubadora bucal como todos os outros “ectodini”. O acasalamento desenvolve-se numa cratera feita pelo macho com todo o cuidado, optando por uma construção em que a granulometria da areia aumenta do interior da cratera até ao exterior.
Se alguma fêmea passa por perto do seu ninho, o macho começa logo com o seu ritual de acasalamento em forma de circulos, com todas as suas barbatanas esticadas e com as suas cores no máximo do seu explendor. As barbatanas ventrais ficam praticamente pretas e o ocelo bem marcado na dorsal.
Se a fêmea estiver grávida, ela colocará logo alguns ovos e começará o acasalamento propriamente dito.
Os ovos são bastante grandes, em torno dos 3 a 3,5 mm de comprido, são de forma oval. Uma fêmea adulta tem cerca de 25 a 30 alevins em cada incubação.
Depois dos alevins saírem da boca da mãe, podemos observar que estes são cópias dos pais, com o ocelo da dorsal já bem visível. Eles ficam todos juntos de forma compacta, este comportamento é uma forma de defesa contra possíveis predadores no seu meio selvagem e que se pode observar também a aquário.
Conclusão
Os Ectodus descampsii são uma espécie muito interessante e muito bonita. Pode ser uma espécie muito frágil e que stressa com facilidade se não escolhermos os parceiros de aquário com algum cuidado. Se queremos que as reproduções sejam bem sucedidas e os alevins cresçam no aquário dos pais, devemos providenciar um aquário espaçoso, já que os jovens começam muito cedo a abrir crateras e a formar territórios. È sem dúvida um espécie que eu aconselho a manter-se nos nosso aquários, uma espécie que vale a pena “descobrir”.

João Magalhães 23/08/2008

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