quarta-feira, 1 de outubro de 2008

"Geophagus" brasiliensis

"Geophagus" brasiliensis (Quoy & Gaimard, 1824)
Familia: Cichlidae;
Sub-família: Geophaginae;
Tribo: Geophagini;
Gênero: Geophagus, Heckel, 1840
Nomes comuns: Papa Terra, Pearl Eartheater, Ciclídeo Perolado, Acará-topete, etc…
Nomes anteriores: O original foi Chromis brasiliensis (Quoy & Gaimard, 1824), Chromys unimaculata (Castelnau, 1855), Acara gymnopoma (Günther, 1862), Acara minuta (Hensel, 1870).

O Geophagus brasiliensis pertence ao complexo (grupo) dos Geophagus brasiliensis e por sua vez inserido no grande grupo dos “falsos Geophagus”.
Macho:
Fêmea:


Generalidades:
Ao longo dos anos, muito aquariófilos amadores se questionam se estes peixes terão lugar no género Geophagus. Os peixes deste grupo (brasiliensis) não têm a morfologia nem o comportamento típico das espécies do género Geophagus, como tal espera-se que brevemente sejam reclassificados e inseridos num novo género.
Pode-se dizer que esta espécie é aquela que encontramos mais facilmente no mercado, sendo a mais popular de todas no seio aquariófilo, devido também ao seu baixo preço quando comparada com outras do género. É muito popular também devido à sua coloração particular e à sua facilidade de manutenção a adaptação aos vários “tipos” de água.


Tamanho:

Poderão atingir os 25 a 30 cm no seu habitat natural e ficarão pelos 15 a 20 em aquário. As fêmea são bastante mais pequenas que os machos, muitas das vezes têm pouco mais que metade do tamanho dos machos com a mesma idade.

Forma e coloração:

Corpo bastante espalmado lateralmente e alto. A cabeça é bastante arredondada.
A sua cor de base é o castanho esverdeado recoberto de azul claro dando origem ao nome : Pearl Eartheater.
Uma das características mais evidentes nesta espécie é a presença de marcas brilhantes espalhadas pelo corpo e pelas barbatanas. Ao sol estas marcas brilhantes produzem um efeito lindíssimo. Possuem uma mancha negra arredondada sobre os flancos, algumas marcas brilhantes sobre os opérculos e ainda uma barra escura que vai desde a zona superior da cabeça, passando pelo olho, até à zona inferior do opérculo. A barbatana caudal é arredondada e as barbatanas dorsal bastante longas acabando em bico, principalmente no macho.
Outra característica específica desta espécie é o tamanho das escamas que cobrem os flancos.


Distribuição:
A sua área de distribuição situa-se principalmente no sul do Brasil, na região de São Paulo, nos Estados do Este e Nordeste do Brasil, ao longo da zona costeira do Estado de Pernambuco até ao Rio Grande do Sul e nas zonas fronteiriças com o Uruguai.

Biótopo:
Esta espécie habita principalmente em zonas litorais onde os rios sofrem a influência das marés, normalmente em zonas rochosas que lhes servem de abrigo.
No seu habitat natural, a temperatura da água pode descer até aos 15 ºC na época das chuvas. Na época da seca a mesma temperatura pode ir além dos 30 ºC. O mesmo acontece com as características físico-químicas da água, sendo muito variáveis. O Ph varia entre 5,5 a 8,0 e o mesmo se passa com a dureza.
Estes peixes têm um grande poder de adaptação e não colocam qualquer problema de adaptação nos nossos aquários.
O Geophagus brasiliensis colonizou tanto grandes cursos de água como também pequenas ribeiras de água calma. Encontramo-los em águas pouco profundas e com alguma vegetação e algumas rochas, onde se escondem ao mínimo alerta de perigo.


Alimentação:
Esta espécie é omnívora. No seu meio natural captura pequenos invertebrados à medida que vai remexendo a areia. Em aquário aceita qualquer tipo de alimento: alimento vivo, flocos, granulado, etc…

Comportamento:
Está espécie, comparada com outras espécies de Geophagus, é bastante agressiva. Para estar com outras espécies de Geophagus teremos que providenciar um aquário no mínimo 2m metros de fachada.

Reprodução:
São peixes que põem os ovos no substrato (substrate-spawning). Durante o ritual de acasalamento, aparentemente brutal, a fêmea depositará cerca de um milhar da ovos. No seu meio natural, o casal escolhe normalmente um lugar entre duas rochas. A fêmea enquanto se ocupa dos ovos, que eclodem ao fim de 3 ou 4 dias, o macho defende o território de possíveis predadores.
Depois de nascerem, os alevins são transportados pelos pais para pequenas crateras escavadas na areia para esse efeito. Os alevins poderão ser alimentados com náuplios de artémia ou comida fina (flocos esmagados).


Chaves de identificação:
É quase impossível de confundirmos esta espécie com outras do mesmo género devido aos pontos brilhantes existentes por todo o corpo, devido à grande mancha existente nos flancos e à forma da barbatana caudal arredondada.

Experiência pessoal:
Comprei há cerca de 6 meses um suposto casal que se veio a confirmar mais tarde. Neste momento mantenho esse casal num aquário de 500L com outras espécies de Geophagus (mais calmos). O macho ocupou um território com cerca de 50cm na parte esquerda do aquário. As outras espécies raramente se deslocam para essa zona, e quando o fazem são logo corridas. Esta espécie é sem dúvida muito agressiva comparada com os outros Geophagus que mantenho, mais agressiva mas também mais activa e briguenta, embora a suas investidas não tenham consequências graves para os restantes habitantes do aquário.
João Magalhães 01/10/2008