sábado, 15 de novembro de 2008

Hypsophrys nicaraguensis

Hypsophrys nicaraguensis (Günther, 1864)
Macho


Fêmea
Duas fotos de exemplares ainda jovens (6 a 8cm):



Espécie: Hypsophrys nicaraguensis
Nome comum: Ciclídeo mariposa, Nica, entre outros...

Sinónimos: Esta espécie há algum tempo atrás era associada ao Vieja actuais (desde o momento em que eles eram classificados como Theraps) antes de receberem o nome do género Copora. Actualmente pertencem ao género Hypsophrys.
Primeiramente descrito por Günther em 1864 como Heros nicaraguensis, tendo obtido posteriormente varias denominações como Cichlasoma balteatum (Gill & Bransford, 1877), Cichlasoma spilotum (Meek, 1912) até à denominação actual de Hypsophrys nicaraguensis devido a revisão feita ao género por Kullander y K.E. Hartel em 1997.
Descrição:
Existem pelo menos duas variantes cromáticas: “cabeça verde” que como o nome indica existe a cor azul-esverdeado na cabeça e na barbatana dorsal dos indivíduos de ambos os sexos e os de “cabeça amarela” capturados por Jean-Claude Nourissat em 1992 nos quais a cor azul é ausente e existe mais vermelho sobre o corpo dos machos e as fêmeas apresentam um ventre muito colorido. Infelizmente esta coloração desapareceu a partir da 3ª geração em aquário. Uma forma completamente amarela é por vezes proposta.
O seu corpo é alongado, a boca é pequena e situada na parte inferior, a cabeça é redonda e mais redonda à medida que os machos envelhecem. A cor base é o amarelo com vermelho no ventre da fêmea. Apresentam uma linha negra que percorre lateralmente o corpo desde o opérculo até ao pedúnculo caudal passando, ao meio do corpo, por uma grande mancha negra, em certas variantes podemos ver 4 ou 5 barras. A banda negra que atravessa o corpo longitudinalmente é uma característica dos juvenis até aos 8 meses. Nesta espécie a fêmea é mais colorida e mais atraente de os machos.
O macho fica com um comprimento máximo de 20 cm, e a fêmea com 15 cm. No entanto criamos por vezes em nossos aquários monstros de mais de 30cm e com uma bossa extremamente grande, fruto de uma alimentação excessiva.
Distribuição geográfica:
Está espécie é encontrada em lagos e rios de águas calmas da Costa Rica e da Nicarágua, nos Lagos Nicarágua, Managua e Xiloja, no Rio San Juan, e nas ribeiras e rios junto à costa.
Água:
Como muitos ciclídeos desta zona, e um peixe que se adapta a uma larga faixa de parâmetros de agua, estando óptimas com um pH entre 7.0 e 8.0, e GH entre 9 e 20º. Temperatura entre 23, 36ºC.
Comportamento:
É uma espécie calma e pouco agressiva, contudo se o espaço for pequeno os machos dominados não exibem as duas cores e normalmente não exibem bossa nem fica com a cabeça arredondada, e a lista no corpo fica sempre visível.
Em jovens podem ser mais agressivos, mas esta agressividade desaparece com a idade. Geralmente respeitam as plantas, embora as possam arrancar, e preferem estar com mais indivíduos da sua própria espécie. E um peixe muito activo.
Devemos mantê-los com espécies pacíficas, como outros ciclídeos centro americanos de carácter forte, sempre que caibam no aquário. Alguns de seus companheiros podem ser Neetroplus nematopus, Tomocichla tuba, Astatheros rostratus, Astatheros alfari, Archocentrus septemfasciatus, Archocentrus Nigrofasciatus, Archocentrus sajica, Herotilapia multispinosa, Thorichthys meeki.
Alimentação:
Peixe omnívoro, no seu meio natural os juvenis alimentam-se de insectos aquáticos, invertebrados, e larvas de insectos da superfície e algas, os adultos procuram comida no substrato, que podem ser sementes, pequenos moluscos, algas, etc. Em cativeiro aceitam qualquer tipo de comida, é aconselhável uma dieta variada incluindo comida congelada ou viva.
Aquário:
É recomendável um aquário com 400L, embora para um casal poderá servir um de 200L, é importante para os peixes que o tanque seja largo, não e recomendável colocá-los num aquário com menos de 1m de comprimento, para possam nadar à vontade. Pedras ou troncos formando grutas e covas, plantas fortes tipo Anubia protegendo as raízes para que não as arranquem. Não gostam de uma corrente forte, eles precisam de águas límpidas. E necessário sombras que dão sensação de segurança ao peixes.
Reprodução:
A fêmea escolhe o local onde fará a desova e cuidará da postura. Podem por os ovos em qualquer desnível do substrato. Em liberdade fazem a postura em grutas escavadas por eles próprios.
Podem por 200 a 400 ovos amarelos que protegem a todo custo, e quando convivem varias fêmeas, todas ajudam na defesa das crias, expulsando a qualquer intruso que deles se aproxime.
Esta espécie poderá começar a reproduzir antes de 1 ano de idade, neste caso ficarão mais pequenos como acontece no seu meio natural (os peixes que se reproduzem mais cedo têm tendência a ficar mais pequenos).

João Magalhães 15/11/2008

sábado, 1 de novembro de 2008

Satanoperca jurupari

Satanoperca jurupari (Heckel 1840)




Nome científico: Satanoperca jurupari (Heckel, 1840)

Nome comum: Mojarra cerrillo, Puerco, Acará bicudo, Acará papaterra, etc…

Tamanho em adultos: no seu habitat podem atingir um tamanho entre 18-25cm, em aquário raramente ultrapassam os 15cm.

Dimorfismo sexual: Não existe dimorfismo sexual, como tal torna-se difícil a sua distinção. Contudo normalmente o corpo do macho é mais delgado (esguio) que o da fêmea.

Distribuição: estes ciclídeos podem ser encontrados na bacia do rio Amazonas, desde o Peru, ao Equador e à Colômbia até à foz do rio Amazonas em Amapá (Brasil), na Guiana francesa, e também na Amazónia Boliviana excepto no rio Guaporé. São nativas da Bolívia, do Brasil, da Colômbia, do Equador, da Guiana francesa e do Peru, mas podem ser encontradas também na Guiana, no Suriname e na Venezuela.

Habitat: normalmente são capturadas em águas negras e por vezes lamacentas dos rios e também em lagoas do rio Amazonas. Ou seja, esta espécie vive em águas relativamente calmas ou mesmo paradas.
O pH da água varia entre 6 e 8 e a temperatura entre 24 e 28 ºC. O GH varia até um máximo de 10. O ideal será manter esta espécie numa água neutra ou ligeiramente ácida, uma temperatura a rondar os 25ºC e um GH em torno dos 5.

Morfologia: este género de ciclídeos tem uma forma muito parecida aos ciclídeos africanos. Corpo espalmado e ligeiramente comprimido lateralmente. A cabeça é triangular com a frente alta. As barbatanas ventrais e anais são muito desenvolvidas tais como a dorsal que chega quase à barbatana caudal. Os olhos estão situados muito próximos da zona dorsal da cabeça. A cor é clara (desde o cobre ao esverdeado) e com uma banda larga que vai desde a traseira do opérculo até à base da barbatana caudal, com sete ou oito bandas verticais que chegam quase ao ventre e uma mancha redonda sobre os primeiros raios superiores da barbatana caudal.
Esta espécie é facilmente confundida nas lojas com uma do mesmo género – S. leucosticta. Uma forma de as distinguir é a ausência de manchas brancas sobre o opérculo na espécie em questão (S. jurupari). A S. jurupari leva 3 a 4 anos para atingir o estado adulto (a desenvolver-se por completo).

Manutenção: É um peixe muito fácil de manter. No entanto exige uma água em excelentes condições. Um aquário de 200L será suficiente para manter um casal, precisaremos de mais volume se pensarmos em colocar um grupo. O ideal será mantê-los em grupos de 6 ou mais indivíduos. É um peixe que ocupa normalmente a metade inferior do aquário.
O aquário deverá ter uma óptima filtragem (10x) mas com uma corrente fraca. Deverá ser decorado à base de rochas formando grutas e algumas plantas. A areia deve ser fina devido aos seus hábitos de remexer a areia e devemos providenciar áreas arenosas abundantes.
Num volume superior é possível manter um grupo de várias fêmeas. Um área arenosa grande para lhes permitirmos fazer o que mais gostam – remexer a areia em busca de comida. Esta “praia” será rodeada de rochas ou troncos que permitirão às fêmeas em incubação se refugiarem. As plantas são ignoradas por eles, o que nos permite ter um aquário plantado, sem no entanto esquecermos de uma zona rochosa. A água deverá ser neutra ou ligeiramente ácida, no entanto se forem exemplares de cativeiro serão menos sensíveis aos parâmetros da água.

Comportamento e Coabitação: Este ciclídeo não é agressivo. Poderá ser mantido com outras espécies calmas. Por vezes torna-se agressivo com os da mesma espécie por falta de espaço no aquário. A sua actividade preferida é remexer a areia em busca de comida.

Alimentação: Neste aspecto não nos colocam nenhum problema, aceitam praticamente tudo: granulados, flocos, comida congelada, e outras. Não são exigentes no que se refere à alimentação. No sei habitat natural eles alimentam-se de peixes, pequenos invertebrados, restos vegetais e fruta. Em exemplares capturados em Letícia os seus estômagos tinham basicamente matéria vegetal de origem terrestre e em menor proporção de sedimento, e larvas de dípteros aquáticos.

Reprodução: a S. jurupari é um incubador bucal ovófilo, ou seja, os ovos são depositados e, depois de fecundados, são recolhidos pela fêmea dentro da sua boca (mais ou menos 24 horas depois da fecundação). Esta espécie atinge a maturidade sexual aos 2 anos de idade aproximadamente.
A fêmea porá entre 100 e 400 ovos numa pedra previamente e cuidadosamente limpa onde o macho passará sobre eles para os fecundar. O período de incubação será mais ou menos 2 semanas. Depois da fêmea largar as crias o macho deve ser retirado do aquário. Não se sabe muito bem se esta espécie é monogâmica ou poligâmica, já que existem relatos de ambos os comportamentos.

João Magalhães Out/2008

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

"Geophagus" brasiliensis

"Geophagus" brasiliensis (Quoy & Gaimard, 1824)
Familia: Cichlidae;
Sub-família: Geophaginae;
Tribo: Geophagini;
Gênero: Geophagus, Heckel, 1840
Nomes comuns: Papa Terra, Pearl Eartheater, Ciclídeo Perolado, Acará-topete, etc…
Nomes anteriores: O original foi Chromis brasiliensis (Quoy & Gaimard, 1824), Chromys unimaculata (Castelnau, 1855), Acara gymnopoma (Günther, 1862), Acara minuta (Hensel, 1870).

O Geophagus brasiliensis pertence ao complexo (grupo) dos Geophagus brasiliensis e por sua vez inserido no grande grupo dos “falsos Geophagus”.
Macho:
Fêmea:


Generalidades:
Ao longo dos anos, muito aquariófilos amadores se questionam se estes peixes terão lugar no género Geophagus. Os peixes deste grupo (brasiliensis) não têm a morfologia nem o comportamento típico das espécies do género Geophagus, como tal espera-se que brevemente sejam reclassificados e inseridos num novo género.
Pode-se dizer que esta espécie é aquela que encontramos mais facilmente no mercado, sendo a mais popular de todas no seio aquariófilo, devido também ao seu baixo preço quando comparada com outras do género. É muito popular também devido à sua coloração particular e à sua facilidade de manutenção a adaptação aos vários “tipos” de água.


Tamanho:

Poderão atingir os 25 a 30 cm no seu habitat natural e ficarão pelos 15 a 20 em aquário. As fêmea são bastante mais pequenas que os machos, muitas das vezes têm pouco mais que metade do tamanho dos machos com a mesma idade.

Forma e coloração:

Corpo bastante espalmado lateralmente e alto. A cabeça é bastante arredondada.
A sua cor de base é o castanho esverdeado recoberto de azul claro dando origem ao nome : Pearl Eartheater.
Uma das características mais evidentes nesta espécie é a presença de marcas brilhantes espalhadas pelo corpo e pelas barbatanas. Ao sol estas marcas brilhantes produzem um efeito lindíssimo. Possuem uma mancha negra arredondada sobre os flancos, algumas marcas brilhantes sobre os opérculos e ainda uma barra escura que vai desde a zona superior da cabeça, passando pelo olho, até à zona inferior do opérculo. A barbatana caudal é arredondada e as barbatanas dorsal bastante longas acabando em bico, principalmente no macho.
Outra característica específica desta espécie é o tamanho das escamas que cobrem os flancos.


Distribuição:
A sua área de distribuição situa-se principalmente no sul do Brasil, na região de São Paulo, nos Estados do Este e Nordeste do Brasil, ao longo da zona costeira do Estado de Pernambuco até ao Rio Grande do Sul e nas zonas fronteiriças com o Uruguai.

Biótopo:
Esta espécie habita principalmente em zonas litorais onde os rios sofrem a influência das marés, normalmente em zonas rochosas que lhes servem de abrigo.
No seu habitat natural, a temperatura da água pode descer até aos 15 ºC na época das chuvas. Na época da seca a mesma temperatura pode ir além dos 30 ºC. O mesmo acontece com as características físico-químicas da água, sendo muito variáveis. O Ph varia entre 5,5 a 8,0 e o mesmo se passa com a dureza.
Estes peixes têm um grande poder de adaptação e não colocam qualquer problema de adaptação nos nossos aquários.
O Geophagus brasiliensis colonizou tanto grandes cursos de água como também pequenas ribeiras de água calma. Encontramo-los em águas pouco profundas e com alguma vegetação e algumas rochas, onde se escondem ao mínimo alerta de perigo.


Alimentação:
Esta espécie é omnívora. No seu meio natural captura pequenos invertebrados à medida que vai remexendo a areia. Em aquário aceita qualquer tipo de alimento: alimento vivo, flocos, granulado, etc…

Comportamento:
Está espécie, comparada com outras espécies de Geophagus, é bastante agressiva. Para estar com outras espécies de Geophagus teremos que providenciar um aquário no mínimo 2m metros de fachada.

Reprodução:
São peixes que põem os ovos no substrato (substrate-spawning). Durante o ritual de acasalamento, aparentemente brutal, a fêmea depositará cerca de um milhar da ovos. No seu meio natural, o casal escolhe normalmente um lugar entre duas rochas. A fêmea enquanto se ocupa dos ovos, que eclodem ao fim de 3 ou 4 dias, o macho defende o território de possíveis predadores.
Depois de nascerem, os alevins são transportados pelos pais para pequenas crateras escavadas na areia para esse efeito. Os alevins poderão ser alimentados com náuplios de artémia ou comida fina (flocos esmagados).


Chaves de identificação:
É quase impossível de confundirmos esta espécie com outras do mesmo género devido aos pontos brilhantes existentes por todo o corpo, devido à grande mancha existente nos flancos e à forma da barbatana caudal arredondada.

Experiência pessoal:
Comprei há cerca de 6 meses um suposto casal que se veio a confirmar mais tarde. Neste momento mantenho esse casal num aquário de 500L com outras espécies de Geophagus (mais calmos). O macho ocupou um território com cerca de 50cm na parte esquerda do aquário. As outras espécies raramente se deslocam para essa zona, e quando o fazem são logo corridas. Esta espécie é sem dúvida muito agressiva comparada com os outros Geophagus que mantenho, mais agressiva mas também mais activa e briguenta, embora a suas investidas não tenham consequências graves para os restantes habitantes do aquário.
João Magalhães 01/10/2008

domingo, 7 de setembro de 2008

Geophagus steindachneri

Foto do macho:
Foto da fêmea:

Nome científico: Geophagus steindachneri Eigenmann & Hildebrand, 1910
Nome comum: Red Humped Eartheater
Tamanho em adultos: em torno dos 15cm para o macho e 10cm para a fêmea.
Dimorfismo sexual: Os machos são maiores que as fêmeas, mais coloridos, e possuem uma bossa vermelha escura na parte superior da cabeça que se torna mais proeminente durante a reprodução.

Origem: são originários da Colombia, mais precisamente dos rios magdalena, cauca e sinu, e respectivos afluentes, e também no rio Limão na Venezuela. No seu habitat o pH varia entre 6,5 e 7, o dH varia entre 5.0 e 15.0, e a temperatura entre 24 e 27 ºC (clima tropical).

Manutenção: É um peixe muito fácil de manter. No entanto exige uma água em excelentes condições. Um aquário de 100L será suficiente para manter um casal, desde que bem estudado – esconderijos para a fêmea quando se encontra em incubação. Num volume superior é possível manter um grupo de várias fêmeas. Um área arenosa grande para lhes permitirmos fazer o que mais gostam – remexer a areia em busca de comida. Esta “praia” será rodeada de rochas ou troncos que permitirão às fêmeas em incubação se refugiarem. As plantas são ignoradas por eles, o que nos permite ter um aquário plantado, sem no entanto esquecermos de uma zona rochosa. A água deverá ser neutra ou ligeiramente ácida, no entanto se forem exemplares de cativeiro serão menos sensíveis aos parâmetros da água. Eu mantenho-os (1 casal) numa água com um pH próximo dos 7,5, num aquário de 200L na companhia de alguns vivíparos.

Comportamento e Coabitação: Este ciclídeo não é agressivo nem predador. São bastante pacíficos e a hierarquia normalmente é tomada sem lutas graves. Andam sempre a filtrar a areia procurando pequenos invertebrados que nela se encontrem. Não existe monogamia, a fêmea normalmente escolhe o macho maior. É possível de coabitarem com caracídeos, loricarídeos e outros ciclídeos calmos e pacíficos (Leatacara, Cleithracara, Bujurquina, etc…
No meu caso, tenho vivíparos de tamanho pequeno e não noto agressividade nenhuma para com eles.

Alimentação: Neste aspecto não nos colocam nenhum problema, aceitam praticamente tudo: granulados, flocos, comida congelada, e outras. Não são exigentes no que se refere à alimentação. No sei habitat natural eles adoram remexer a areia na busca de alimentação.

Reprodução: o “Geophagus” steindachneri é um incubador bucal ovófilo, ou seja, os ovos são depositados e, depois de fecundados, imediatamente recolhidos pela fêmea. O método de reprodução é idêntico ao dos m’bunas do Malawi, com a diferença de que neste os ovos são todos postos e fecundados e só depois recolhidos na boca da fêmea. Os ovos são poucos mas em contrapartida são muito grandes. Depois do acasalamento a fêmea retira-se e abriga-se numa gruta entre as pedras ou no maciço de vegetação durante aproximadamente 3 semanas. Nos pequenos aquários poderá ser necessário retirar a fêmea devido às investidas do macho. Nos maiores e comunitários poderão viver em plena harmonia sem ser necessário retirar a fêmea.
Depois da fêmea largar os alevins, eles são frequentemente reapanhados pela fêmea ao mínimo sinal de perigo, num período de 2 a 3 semanas.

Observações: O “Geophagus” steindachneri pertence ao grupo dos geophagus de bossa juntamente com os Geophagus crassilabris e Geophagus pellegrini. Por sua vez pertencem ao grupo dos “falsos geophagus”. Prevê-se que brevemente sejam sujeitos a nova classificação sistemática devido a diferenças significativas relativamente aos “verdadeiros geophagus”.
O G. steindachneri não é um dos mais coloridos mas no entanto tem cores muito interessantes e um comportamento excelente o que o torna um ciclídeo muito atraente para os aquariofilistas, principalmente para os que já mantiveram várias espécies e querem experimentar algo diferente. Sendo um incubador bucal ovófilo, é uma raridade no seio dos sul americanos.
O que vos posso dizer da minha experiência é que estou fascinado pelo comportamento deles. Possivelmente irei introduzir no futuro mais uma ou duas fêmeas, no sentido se observar como será o comportamento do macho perante várias fêmeas.

João Magalhães Out/2008

domingo, 31 de agosto de 2008

Metriaclima sp. msobo "magunga reef"

Foto do macho:




Foto da fêmea:




Sinónimos:
Pseudotropheus Msobo Magunga, Pseudotropheus sp. "Deep Tanzania", Pseudotropheus sp. "Deep orange", Pseudotropheus "Magunga Red".

Origem: Lago Malawi.

Habitat:
Este magnífico ciclídeo encontra-se na costa nordeste do lago, na Tanzânia.
Vive no habitat intermédio entre 5 e 10 metros de profundidade nas zonas rochosas. O macho é territorial defendendo uma cavidade entre as rochas. As fêmeas e os jovens, por seu lado, vivem solitários ou em pequenos grupos.

Tamanho:
Tanto o macho como a fêmea poderão atingir uns 10 cm, no entanto a fêmea tem tendência a ficar um pouco mais pequena que o macho com a mesma idade.

Coloração:
Os machos têm a sua cor principal à base de preto muito brilhante, parecendo veludo, com bastantes pigmentos azuis-escuros e alguns claros. Quanto mais nos aproximamos do Norte do Lago (Magunga a Manda) mais pigmentos azuis tem o macho. As fêmeas tem uma coloração que vai desde o amarelo ao laranja vivo.

Água:
Temperatura: 24 a 28 ºC; Ph: 7.5 a 8.5.

Alimentação:
É um comedor de algas (Aufwuchs) que arranca das rochas e de plâncton em plena água, em aquário poderá ser alimentado com uma receita à base de espinafres, camarões, mexilhões, ervilhas e spirulina, como também com flocos secos, granulados, pastilhas, cyclopes, dáfnias, etc….

Reprodução:
São incubadores bocais, depois do conhecido acasalamento (ritual) em T, a fêmea incuba os seus ovos durante 3 semanas. Explicando melhor: a fêmea põe os seus ovos numa cavidade rochosa ou um buraco feito no solo, o macho fertiliza-os e seguidamente a fêmea insere-os na sua boca muito rápido, tão rápido que por vezes o macho não tem tempo de os fecundar. Ao contrário de outros M’bunas a fêmea é uma boa mãe, já se tem visto que a fêmea apanha os filhotes na sua boca mal sente qualquer ameaça.

Comportamento:
É agressivo e territorial como a maior parte dos seus conterrâneos, convém ter só um macho no aquário que deverá ter um volume de pelo menos 150L e com muitas rochas.Podemos colocar no aquário só um casal no entanto colocando várias fêmeas conseguimos um aspecto mais colorido. O macho está sempre em movimento, mas não é muito agressivo desde que mantido com outros m’bunas. A fêmea é calma. É um casal de grande beleza com cores muito vivas.
João Magalhães Ago/2008

Tropheops - repartição geográfica no lago

Habitat Rochoso Superior – zona de arrebentação das ondas
Este género tem muitos representantes que habitam nas zonas agitadas pelas ondas do biótopo rochoso.

T. sp. “olive” é encontrado neste tipo de habitat ao longo da costa Noroeste entre Kande Island e Mdoka, e também ao longo da costa Nordeste entre Manda e Kirondo.
Como a maioria das espécies de Tropheops, esta espécie alimenta-se da “bio-cobertura” arrancando as algas filamentosas. Esta tarefa normalmente é realizada com a ajuda da torção do seu corpo.
Na sua grande maioria são sedentários, o que impede a mistura de genes entre duas populações vizinhas. A cor amarela dos machos pode variar ligeiramente com a sua origem geográfica (distribuição), mas os machos de um mesmo local são muito parecidos entre si.
Os machos de Kande Island apresentam um amarelo menos vivo que os de Chilumba. Os machos dominantes que habitam nas margens da Costa Este têm as barbatanas ventrais escuras. Por sua vez, as fêmeas de todas as populações conhecidas têm todas a mesma cor - cinzentas com barras verticais e horizontais pretas.
Em vários locais do lago, por exemplo em Nkhata Bay e Lupingu, encontram-se mais cinco espécies pertencentes a este complexo e cada uma com características de cor não muito diferentes umas das outras, mas diferentes o suficiente para não se cruzarem entre si.
Os machos T. sp. “olive” defendem os seus territórios – perto da superfície de grandes rochedos – contra todos os intrusos. Como consequência, as algas que não são consumidas pelo macho que ocupa esse território, formam um tapete espesso sobre a rocha. Estes tapetes espessos de algas formam umas manchas esverdeadas visíveis sobre as rochas. Isto poderá servir como um meio complementar de a fêmea reconhecer um bom parceiro para acasalar.

O T. sp. “red cheek” é um mbuna muito popular, habitando o biótopo rochoso superior. Normalmente é exportado de Likoma e Chizumulu Island. A sua distribuição descontínua engloba a Costa Nordeste entre Cape Kaiser e Ikombe e também Tsano Rock no braço Sudeste do lago.
O padrão de cor do T. sp. “lumessi blue” de Meponda é muito parecido ao do “Red Cheek” mais nos machos que nas fêmeas, assim poderia ser uma outra população desta espécie. No entanto investigações mais profundas levaram a que fosse considerada como uma espécie diferente da anterior.
Nos "red cheek" A variação geográfica de cor nos machos consiste numa extensão da cor Laranja sobre a cabeça e sobre as laterais do dorso junto à cabeça, as populações do Sul são mais coloridas. As fêmeas das populações a norte de Lupingu têm uma cor “branca suja”, enquanto que as fêmeas de outras regiões são “brancas amareladas” e em alguns casos amarelas. Esta espécie muito atraente foi chamada de “Big Eye” por Stuart Grant, exportador de ciclídeos do Malawi, no entanto ela é comercializada com o nome “Macrophthalmus Red Cheek”. O nome vernáculo deste peixe é “M’kokafodya” que significa “em brasa” ou “carvão ardente” devido às suas manchas de “laranja vivo” sobre a cabeça e sobre as laterais do dorso.
Os machos defendem territórios na parte superior de grandes rochedos (1 a 2m de diâmetro). Como é óbvio, estes territórios são protegidos com muito zelo contra todos os intrusos, embora a sua agressividade incida principalmente em outros machos da mesma espécie. Neste caso não se vêm “jardins de algas”, como no caso anterior.
A distribuição descontínua desta espécie é impressionante. As populações do norte estão separadas das do Sul por uma distância de aproximadamente 180km e estes últimos a mais de 200km dos de Tsano Rock e Zambo Point. Na exploração aos locais rochosos entre estas três zonas de distribuição, não foram encontradas outras populações, à excepção dos muito parecidos “Lumessi Blue” em Meponda. É pouco provável que estas três populações isoladas tenham desenvolvido o mesmo padrão de cor ao mesmo tempo nos machos e nas fêmeas, o que nos leva a concluir que os “Red Cheek” já tiveram um distribuição mais vasta ao longo da costa Este. O facto de só restarem estas três populações poderá indicar-nos que esta espécie não terá tido muito êxito. A cor muito brilhante do macho é um factor que poderá influenciar a taxa de sobrevivência. Os pássaros podem atacar mais facilmente os machos dominantes já que estes são mais facilmente vistos da superfície.
Habitat Rochoso sem Sedimento
Juntamente com o complexo Metriaclima zebra o gênero tropheops é um dos grupos mais diversificados encontrados no lago e largamente representado no habitat rochoso sem sedimento.

Em consequência da aparente rapidez na criação de variantes coloridas (isoladas geograficamente) e dos meios de reconhecimento dos parceiros, podemos observar numerosas espécies viverem juntas em harmonia.

Em Lupingu – Tanzânia, foram descobertas 7 espécies de Tropheops vivendo a 25 metros umas das outras. Esta mistura de espécies outrora isoladas obriga-as a cruzarem entre si como a diferenciarem-se em espécies distintas. Estas espécies partilham os recursos disponíveis quando o alimento é abundante, mas a coloração dos machos deverá ser a mais variada possível para garantir a segregação genética. Quando o isolamento genético é estabelecido, cada uma das espécies pode especializar-se num nicho específico. Tanto é assim, que normalmente não há problema para encontrarem alimento suficiente, e como o meio não muda, não existe necessidade de modificar a composição da comunidade podendo esta manter-se como era desde a sua formação.
O processo de especialização é activado quando um determinado aprovisionamento medíocre em alimento incentiva a competição, ou quando há mudanças significativas no meio que leva a que as espécies mais especializadas se encontrem numa situação menos favorável.
As pequenas ilhas isoladas albergam normalmente uma ou duas espécies deste complexo. Isto não quer dizer que a concorrência seja mais baixa nestes locais; habitualmente significa que somente uma ou duas espécies ficaram nestes locais isolados. Neste contexto não nos podemos esquecer que o nível da água tem variado ao longo do tempo no lago.
Quando o nível baixa diminui o número de habitats sobretudo para as espécies petrícolas. Algumas ilhas rochosas ficaram de tal forma expostas e secas que as regiões costeiras reduzidas se transformaram em praias arenosas. Uma mudança tão significativa reduz radicalmente o habitat disponível para a maior parte dos mbunas.
As diferentes espécies de Tropheops são agrupadas de acordo com o padrão de cor das fêmeas. Consequentemente o seu agrupamento talvez seja mais artificial do que filogenético. Em numerosos casos os membros de um mesmo grupo povoam habitats similares.

Nos habitats rochosos sem sedimento encontramos espécies de Tropheops que pertencem a 4 grupos diferentes:

1 - o tipo “noir”;
2 - o tipo “mauve”.
3 - os Tropheops dourados;
4 - o tipo “chilumba”;

Grupo "noir"
As espécies do grupo dos Tropheops “noir” caracterizam-se por uma banda preta na dorsal e pelas riscas verticais sobre um fundo escuro. Foram colocadas 5 espécies neste grupo, que é distribuído quase por todo o lago.
É somente neste grupo que encontramos fêmeas O e OB.

1- O T. tropheops, vive em habitats rochosos sem sedimento em torno da península de Nankhuma, em todas as ilhas em torno da península de Nankhuma, e nas ilhas Maleri.
No entanto não se encontram em Mumbo Island.
Em quase todos os locais podem ser encontradas fêmeas OB juntamente com fêmeas normais.

2- T. sp. “chinyamwezi” é uma espécie muito parecida, podendo mesmo ser da mesma espécie, com o T. tropheops.
O recife situado entre o continente e Chinyamwezi Island, que é o único lugar onde ele existe, é também habitado por uma espécie muito parecida com o T. tropheops.
Em Chinyamwezi Island encontramos uma grande percentagem de fêmeas O e OB, provavelmente porque só existe esta espécie de Tropheops em torno desta ilha.
Curiosamente, Chinyankwazi Island é igualmente habitada por uma única espécie de Tropheops – T. sp. “chinyankwasi” – Mas, neste caso é uma espécie muito aparentada aos do grupo Chilumba, e ainda não foram descobertas fêmeas OB.

3- O habitat rochoso sem sedimento das zonas costeiras Nordeste e Noroeste é habitado pelo T. sp. “black”. Os machos desta espécie apresentam uma característica (não única) do grupo dos Tropheops “noirs”, uma mancha amarela ou laranja na parte inferior da cabeça e do corpo.
O T. sp. “black” pode ainda ser encontrado nas zonas rochosas a Norte de Lundu na costa Este do Lago e na costa Oeste a Norte de Mundola Point. Estes (Black) estão limitados a zonas exclusivamente rochosas onde podem ser observados a profundidades bastante elevadas. Os machos são territoriais, as fêmeas vivem sozinhas e são bastante agressivas para as outras da sua espécie.
4- Em Likoma Island podemos encontrar outro membro pertencente ao grupo dos Tropheops “noirs” - T. sp. “dark”. O seu nome provém da cor das fêmeas que são bastante escuras à semelhança das fêmeas do Black.

5- O quinto membro do grupo dos Tropheops “noirs”, o T. sp. “goldbreast” habita na costa de Moçambique em Tumbi Point e entre Liutche e Londo.

Uma espécie suplementar do grupo “noir” o T. sp. “yellow gular”, encontra-se nas zonas costeiras de Moçambique e do Malawi entre Tumbi Point e Chimwalani Reef.
Os machos são azuis com zonas amarelas nas partes inferiores da cabeça e do corpo.
Em Cobwe e Mara Point uma espécie muito parecida a esta vive no biótopo intermediário. Esta espécie é designada por T. sp. “yellow chin” (Tropheops do tipo “dupla banda”).

Grupo Mauve

Os Tropheops do grupo “mauve” preferem água clara e um habitat sem sedimento, como consequência disso são habitualmente encontrados em zonas puramente rochosas.

O T. sp. “mauve” (do grupo “mauve”) é diferente tanto na cor como no tamanho do T. sp. black com quem vive harmoniosamente em quase toda a extensão da sua zona de distribuição.
O T. sp. “mauve” parece estar menos restrito aos habitats puramente rochosos, encontra-se também nos biótopos do tipo intermediário. No entanto estes biótopos são igualmente isentos de sedimento.
O T. sp. “mauve” é normalmente encontrado sobre a costa Oeste – Entre Kande Island e Ngara, e entre Lupingu e Pombo Rocks. O macho em quase toda a extensão do seu corpo apresenta uma cor azul vivo. As fêmeas por sua vez são sobretudo amarelas e amerelas-brancas com as barbatanas anais cor de laranja. As fêmeas da população de Magunga – Tanzânia não são amarelas mesmo se por vezes encontramos algumas de cor amarela. Contudo elas pertencem a uma espécie que anteriormente era chamada de T. sp. “mauve” mas que parecem pertencer a uma outra espécie, T. sp. “mauve yellow”. Depois de serem descobertos machos do tipo Mauve completamente azuis em Magunga, chegou-se à conclusão que as suas fêmeas não são amarelas mas sim argentées, como aquelas que se encontram na parte Noroeste do lago, mas sem a cor laranja na barbatana anal.
Na costa Oeste, os machos “Mauve” apresentam duas variantes de cor diferentes: uma inteiramente azul (os de Ngara, Chilumba, Charo e Nkhata Bay) e a outra azul com uma macha amarela que cobre a cabeça e as laterais junto à cabeça (os de Mara Rocks e Ruarwe). A cor amarela por vezes pode estar imitada à parte inferior da cabeça (os de Mbowe Island, Mphandikucha, e Kande Island). Em Jaro Reef, a Norte de Mkhotakota, existe um Tropheops muito parecido ao Mauve, mas para já esta espécie é caracterizada como T. sp. “tropheops mbenji blue”.
Ao longo da costa Este, a sul de Lundu e a norte de Mbamba Bay, habita uma espécie muito similar, o T. sp. “aurora”, que pertence também ao grupo Mauve, habitando os biótopos exclusivamente rochosos. Esta espécie é caracterizada pelos machos azuis-amarelos com as barbatanas dorsais amarelas e pelas fêmeas de cor cinzenta clara apresentando barras verticais ligeiras. É uma espécie muito comum e provavelmente o Tropheops mais comum desta parte do lago.
Encontramos uma outra situação interessante, colocando mais em evidência a complexidade deste grupo, sobre a costa Sudeste do lago entre Gome - Malawi e N’kolongwe – Moçambique, foram encontradas duas espécies parecidas de Tropheops cujos machos são quase iguais. Só conseguimos distinguir estas duas espécies pela cor da fêmea. Uma das espécies é o T. sp. “yellow gullar” e a outra o T. sp. “gome yellow”. As fêmeas du “Gome yellow” são amarelas com uma banda sub-marginal negra sobre a barbatana dorsal, pelo menos as populações do sul; a norte de Meponda a cor das fêmeas é bege prateado.

Grupo dos Tropheops Dourados

O Tropheops macrophthalmus amarelo dourado, o membro mais comum dentro do grupo dos Tropheops dourados que engloba unicamente três espécies, é comum ao longo de toda a costa Este do lago, no entanto está limitado a apenas alguns locais.
O T. macrophthalmus foi descrito pelo Dr. Ernest Ahl em 1927 a partir de coletas efectuadas pelo Dr. Fulleborn na costa da Tanzânia do lago perto de Alt Langenburg, conhecido actualmente como Lumbila. A sua descrição engloba duas características “chave” na sua determinação que nos leva a concluir que o Tropheops totalmente amarelo é o verdadeiro Tropheops macrophthalmus. Ahl notou que esta espécie não tinha pigmentos sobre as barbatanas e também que esta espécie tem a cabeça muito convexa, quase perpendicular. Pondo de parte os Tropheops totalmente amarelos todas as espécies deste género encontradas a norte do rio Ruhuhu têm marcas sobre as barbatanas; a cabeça das espécies douradas apresenta um perfil muito direito. O Tropheops macrophthalmus vive nas zonas superiores do habitat rochoso, é encontrado ao longo de toda a costa da Tanzânia e de Moçambique. Os machos não são totalmente amarelos dourados, eles têm as barbatanas dorsal e anal azul claro. As fêmeas são bege claro a amarelas-brancas e não têm marcas sobre o corpo ou sobre as barbatanas.
Ao longo da margem Ocidental, a distribuição do Tropheops macrophthalmus está limitada à costa Noroeste entre Mdoka e Chirwa Island (ou talvez Chitimba Bay). Em Chitimba Bay foi encontrada uma outra população de tropheops amarelo dourado a uma profundidade de 22 metros. As fêmeas desta espécie bastante pequena são igualmente amarelas douradas, mas os machos são azuis com uma mancha cor de laranja sobre a nuca e parte anterior do dorso. Contudo foram observados machos territoriais totalmente amarelos, como as fêmeas, e parece que só os machos mais velhos exibem a cor azul. Actualmente esta espécie é considerada distinta, T. sp. “macrophthalmus chilumba”, pelo motivo desta espécie ser encontrada a uma profundidade bastante superior à que normalmente são encontradas todas as populações de Macrophthalmus conhecidas, e no habitat intermédio.
Naturalmente, o facto do recife estar a 20m de profundidade “proíbe” esta espécie de ocupar o habita preferido do T. Macrophthalmus que se encontra habitualmente nos 10m superiores deste habitat puramente rochoso; contudo a sua morfologia e a sua cor juntas justificam um status diferente e distinto. Poderá mesmo não ser um parente próximo do T. macrophthalmus.

Em Chizumulu Island, um Tropheops dourado, chamado de T. tropheops “gold” vive num habitat muito parecido ao do T. macrophthalmus. Os machos desta espécie são mais cor de laranja e não têm as barbatanas dorsal e anal azuis, no entanto é considerado como uma população de T. macrophthalmus. Esta opinião corroborada pela existência de outras espécies tendo uma distribuição discontínua. As fêmeas de Chizumulu Island têm uma cor que vai desde o bege a amarelo-branco como aquelas da maior parte de outras populações. Uma forma habitando Mazinzi Reef e Nkhudzi sobre o braço Sudeste do lago é provavelmente uma espécie suplementar do T. macrophthalmus. Os machos são dourados e têm a barbatana anal azul clara. As fêmeas são cinzentas claro sem barras nem bandas.
O T. sp. “gold otter”, uma espécie muito próxima, vive em torno do Cabo Maclear. Machos e fêmeas desta espécie são amarelos.

Grupo Chilumba

O grupo de Tropheops que engloba mais espécies é sem dúvida o grupo Tipo Chilumba.
Três espécies deste grupo já foram faladas anteriormente – T. sp. “red cheek”, T. sp. “maleri blue” e T. sp. “lumessi blue”.
Os membros deste grupo parecem preferir os habitats rochosos sem sedimento, são encontrados principalmente nas ilhas e nos recifes. A sua distribuição não engloba todo o perímetro do lago, e é devido provavelmente a não encontramos habitats rochosos sem sedimento em toda a costa do lago. O nome deste grupo vem do “Chilumba Tropheops” que é a espécie mais conhecida e mais exportada com o nome de “Chilumba Macrophthalmus”. Habita zonas rochosas entre Mdoka e Chirwa Island na parte Noroeste do lago. As fêmeas são amarelas e os machos são de cor azul escura com uma risca vermelha sob a risca sub-marginal preta da barbatana dorsal.
Os machos possuindo barras azuis com uma banda sub-marginal preta sobre a dorsal, e as fêmeas totalmente amarelas ou cinzento-amareladas com uma cadeia de de machas laterais cinzentas, formam a particularidade deste grupo. A única excepção a esta regra é o T. sp. “Taiwan”, cujas fêmeas não têm nunhuma marca sobre o seu corpo bege prateado. Pelo motivo desta espécie ser a única deste género a habitar Taiwan Reef torna inútil a existência de uma padrão de cor distinto pelas suas marcas no corpo; o padrão de cor do macho corresponde sem dúvida aos indivíduos deste grupo.
O T. ps. “Taiwan” é uma espécie muito grande com um corpo bastante alongado, parecido com a grande espécie encontrada em Higga Reef e Mbamba Bay Island, o T. sp. “higga”. As fêmeas “Higga” têm uma cor de fundo cinzenta amarelada e as laterais com marcas cinzentas. Os machos são parecidos aos Tropheops Chilumba.
Habitat Rochoso Rico em Sedimento

Várias espécies do género Tropheops estão limitadas a este tipo de Biótopo. Curiosamente estas espécies têm todas um corpo mais alongado, quando comparadas com a maior parte das outras espécies deste complexo.
A espécie que ocupa a maior zona de distribuição, sobre as margens do lago, é o Tropheops sp. “red fin”.
Ao longo da costa Noroeste pode ser encontrado entre Hora Mhango e Mara Rocks, e ao longo da costa Este entre a ribeira Ruhuhu na Tanzânia e Lumbaulo em Moçambique. No entanto, na maior parte das localidades que fazem parte da sua área de repartição, não é dos peixes mais comuns, raramente é encontrado em cardumes numerosos.
Os machos adultos têm uma cor à base de amarelado ou laranja escuro; por sua vez, as fêmeas e os juvenis têm uma cor bastante diferente mas muito agradável e atraente. A cor laranja da barbatana anal está na origem do nome desta espécie atribuído por Ribbink e Al. (1983b). Os machos são bastante territoriais mas pouco agressivos, desde que nenhum intruso cruze o seu território. Por vezes os machos defendem um território de areia entre os rochedos, outras vezes escavam uma cratera encostada a um rochedo ou mesmo debaixo deste. Esta espécie habita zonas pouco profundas, raramente é encontrado a profundidades superiores a 10m.
Comportamento em aquário:
Mantenho esta espécie num aquário comunitário do Malawi, onde ele domina perfeitamente todo o aquário, devido em parte ao seu tamanho. Como já foi dito anteriormente, nenhum intruso consegue passar pelo seu território sem levar uma corrida, no entanto na restante área do aquário, com excepção das fêmeas, raramente persegue outros peixes. Uma um espécie que cresce bastante quando comparada à maior parte dos mbunas, mas que se pode ter com outros mbunas mais pequenos sem haver problemas de agressividade por parte destes.
O casal que tenho neste momento já teve diversas ninhadas, inclusive já tenho mais uma fêmea jovem (filha do casal) no aquário para lhes fazer companhia e assim evitar que as perseguições do macho sejam feitas sempre à mesma fêmea. Este ciclídeos não é muito comum nas nossas lojas, embora por vezes apareça nas listas de importação que habitualmente as lojas apresentam aos clientes. A quem quiser adquirir esta espécie aconselho um aquário no mínimo com 1,5 m de frente e pelo menos 300L, já que o território que este ciclídeos domina chega a ultrapassar os 50cm de diâmetro.
João Magalhães Ago/2008

Aquário do Hall

Este é o aquário que tenho colocado no hall de entrada dedicado aos ciclídeos africanos (malawi e tanganyika), espécies agressivas
Foto tirada em Mar/2006 (montagem)

Foto tirada em Mar/2006 (15 dias após)

Foto tirada em Set/2006

Foto tirada em Ago/2007 Foto tirada em Fev/2008

Foto tirada em Mar/2008

Dimensões: 1900X400X500 mm (vidro de 15 mm)
Iluminação: 2X58W fluorescentes
Substrato: areia da praia
Decoração actual: pedras
Filtragem: 1 externo Rena III, 2 internos Fulval 4 plus
Fauna actual (Ago/2008):

Metriaclima sp. membe deep

Metriaclima aurora

Aulonocara jacobfreibergi "Eureka"

Eretmodus cyanostictus "zâmbia"

Haplochromis aeneocolor "lac George & Edward"

Labeotropheus fuelleborni

Labeotropheus fuelleborni OB

Tropheus moorii golden kazumba

sábado, 30 de agosto de 2008

Aquário do escritório

Uma foto tirada em Ago/2008
Uma foto tirada em Jul/2008
Características do aquário:
Dimensões: 1000X400X500 mm (200L) feito com vidro de 12mm
Água: Ph7,5; Temp: verão - 25 a 30 ºC; inverno - 19 a 21 ºC
Iluminação: 2X39 T5
Decoração e flora: areia da praia, troncos, pedras, musgo de java, equinodoros, ambulia sessiliflora.
Fauna:
Ectodus descampsii
Callochromis pleurospilus
Puntius titteya
Limia nigrofasciata
Limia tridens
Girardinus metallicus
Ganbuzia
Este aquário está montado desde Jan de 2008, comecei por ter só taganyikas, mas posteriormente coloquei alguns viviparos.

João Magalhães Ago/2008



Aquário da Sala

Algumas fotos do aquário por data (do actual ao mais antigo)









Um aquário actualmente dedicado principalmente aos ciclídeos americanos.
Dimensões: 1900X450X500 (vol. bruto aproximado 425L)
Aquário feito por medida com vidro de 15mm e colado com silicone próprio para aquário.
Sistema de filtragem: 1 filtro externo fluval 404, 2 internos fluval 4 plus.
Iluminação: 2x58 fluorescente (osram 765)
Temperatura da água: Verão - 25 a 30 ºC, Inverno - 19 a 22ºC
PH: aprox. 7,5
Substrato: areia da praia.
Decoração: pedras, troncos (torga) alguns fetos de java e alguns equinodorus.
Fauna actual:
Geophagus steindachneri
GymnoGeophagus meridionalis
Satanoperca jurupari
Hypsophrys nicaraguensis
Este aquário está montado desde o início de 2005 sofrendo várias alterações de decoração e fauna até então.
João Magalhães 30/08/2008

sábado, 23 de agosto de 2008

Geophagus dicrozoster

Geophagus dicrozoster (Hechel 1840)

Familia: Cichlidae;
Sub-família: Geophaginae;
Tribo: Geophagini;
Gênero: Geophagus, Heckel, 1840

O Geophagus dicrozoster pertence ao complexo (grupo) dos geophagus surinamensis (do Suriname).
Distribuição:
O Geophagus dicrozoster descrito é proveniente do Rio Cinaruco na Venezuela, no entanto ele poderá ser encontrado em outras zonas: Venezuela (Rio Casiquiaire, Rio Negro, Rio Orinoco, Rio Caroni, Rio Aro, Rio Ventuari, Rio Cinaruco, Rio Caura, Rio Capanaparo, Rio Apure, Rio Atabapo), Bolivia (Rio San Martin (...?) & Colombia (Rio Orinoco, Rio Tomo, Rio Bita (...?)) Como se pode ver têm uma distribuição bastante alargada e consequentemente várias populações. O tamanho pode atingir os 25 cm, embora algumas destas variantes possam ficar-se pelos 15 a 20 cm. As manchas laterais nesta espécie (dicrozoster) são mais pequenas e mais redondas que nos restantes. Têm ocelos, olhos vermelhos e barras laterais vertivais.

Reprodução:
Incubadores bucais dos alevins (depois de nascerem os pais guardam-nos na boca). Normalmente escolhem uma pedra plana e lisa para porêm os ovos e de seguida cobrem-nos com areia fina com o objectivo de os protegerem. Após 2 dias os ovos ecludem e será nessa altura que um dos progenitores os apanha com a boca, normalmente a fêmea.

Manutenção:
Deve-se ter um solo composto por areia fina e sem arestas (evitam-se feridas na boca dos peixes). Devem-se manter em cardume, quantos mais melhor pare evitarmos que se sintam muito tímidos. Deve-se previligiar a largura do aquário e não a altura. Deve-se decorar o aquário com pedras (não calcárias), troncos, e algumas plantas (valisnérias) sempre protegidas por areia mais grossa. Os companheiros ideais serão peixes calmos (krobia, Satanoperca, Nannacara, etc...) e também ter alguns ancistrus ou outros do gênero para mantermos as pedras e os troncos isentos de algas. O ideal para a água será termos uma água neutra ou ligeiramente ácida e mole para nos aproximarmos das características fisico-quimicas da água do seu meio natural. São peixes muito exigentes com a qualidade da água. Relativamente aos pertencentes ao grupo dos surinamensis preferem águas calmas e sombrias.

Protomelas taeniolatus Namalenje (Red Empress) TREWAVAS, 1935




Sinónimos: Haplochromis boadzulu
Características da água:
Deveremos manter uma temperatura em torno dos 25ºC e um Ph superior a 7,5.
Tamanho: 15 cm
Distribuição / Habitat:
Esta variante (namalenge) é encontrada em torno da ilha Namalenge na costa Sudoeste do lago malawi, contudo podemos encontrar esta espécie distribuida por todo o lago, havendo diversas variações geográficas com diferentes padrões de cor dependendo da zona da captura.
A Protomelas taeniolatus é o "não-mbuna" mais frequentemente encontrado no habitat rochoso sem sedimento. É o "haplo" mais exportado do lago malawi. No comércio da aquariofilia é normalmente conhecido como "Haplochromis stevini" ou "Haplochromis red empress".
Comportamento e Manutenção:
O aquário deverá ter pelo menos 1,5m de fachada e um volume superior a 300L devido a ser uma espécie bastante grande e bastante agressiva. Dificilmente poderemos manter 2 machos no mesmo aquário, mas deveremos manter mais do que uma fêmea.
Reprodução:
Os machos defendem normalmente um território situado no cume de uma rocha de grande ou médio porte e onde normalmente abundam as algas. As fêmeas quando estão prontas a acasalar aproximam-se do território do macho escolhido. Os ovos são recolhidos pela fêmea e fertilizados posteriormente pelo macho já dentro da boca da fêmea. Este acto deve-se a serem territórios muito vulneráveis a diversos predadores de ovos. Depois de 3 semanas aproximadamente, a fêmea larga os alevins nas fendas das rochas, no entanto eles durante um mês tentam abrigar-se na boca da mãe.

Em aquário, o macho escolhe um canto do aquário ou eventualmente um local sob uma pedra ou um tronco, abrindo uma pequena cratera na areia, e será para este local que ele irá atrair a fêmea e se dará o acasalamento.
O casal que tenho já acasalou 2 vezes, no entanto de ambas a vezes a fêmea largou os ovos passados 7 dias. Ainda não encontrei explicação para este facto. Na próxima reprodução irei isolar a fêmea para tentar que ela mantenha os alevins na boca o tempo necessário para levar a incubação até ao final.

Alimentação:
É uma espécie com um regime alimentar à base de algas (Aufwuchs) presas nas rochas e de pequenos invertebrados que nelas se encontram, à semelhança dos mbunas. Quando o planton é abundante vemos também muitas vezes Protomelas taeniolatus alimentarem-se em plena água. Em aquário devemos providenciar-lhes uma alimentação rica em vegetais e spirulina.




Eretmodus cyanostictus – Boulenger 1898

Fotos:
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Introdução
O grupo de peixes conhecidos pelo nome de «ciclídeos gobbie” compreende quatro espécies descritas e talvez duas não descritas ainda. Todas estas espécies estão adaptadas a águas turbulentas no limite superior do habitat rochoso do lago Tanganyika. Estas adaptações traduzem-se por uma redução da bexiga-natatória que permite ao peixe “colar-se” ao fundo imediatamente quando deixa de nadar.
Estes pequenos ciclídeos, nenhum de entre eles passa o tamanho de 8cm de comprimento no meio natural, vivem nas zonas de pequenas rochas situadas junto da costa, mesmo na extremidade da superfície da água do lago, que, pela acção das ondas, a água é muito rica em oxigénio. Manter uma taxa elevada de oxigénio é um dos parâmetros mais importantes para manter estes peixes em aquário. No caso contrário, eles refugiam-se à superfície do aquário ou mesmo na zona à saída da bomba, sinal de uma deficiência de oxigénio dissolvido. Desde que a taxa de oxigénio dissolvido seja suficiente, estes peixes passeiam-se por todo o aquário, tendo assim um comportamento natural e muito activo.
O Eretmodus Cyanostictus é um ciclídeo que encontramos ocasionalmente nos aquários de venda das lojas. A sua face « apalhaçada » é muitas vezes a razão de os comprarmos. E a partir desse momento nunca mais deixamos de os ter. É muitas vezes também chamado de « ciclídeo gobby » devido às suas semelhanças dos gobbys marinhos. Podemos encontrar este ciclídeo quase em toda a extenção do lago Tanganyika sobre diversas formas ou variantes diferentes : o seu padrão de cor varia consideravelmente segundo o seu local de captura.
O Eretmodus cyanostictus habita a zona superior da água, zona esse denominada pelo Ad Konings nos seus livros como « habitat superficial onduloso ». Ele é raramente encontrado a mais de três metros de profundidade. Normalmente vivem em casais mas não defendem nunhum território específico. Como colonizaram as margens rochosas de pequena profundidade, podemos dizer com alguma ironia que é o único ciclídeo que podemos capturar sem meter os pés na água !
Um dos principais aspectos que nos leva a simpatizar com estes ciclídeos, não falando no seu aspecto cómico e o seu modo de reprodução espetacular, é a sua cor escura com pintas por todo o corpo azuis turquesa eléctricas.
Cyanostictus é uma palavra de origem grega composta de « kyaneos » - azul e « stigma » - marca. Com efeito, o contorno da boca é azul e algumas pintas da mesma cor percorrem a cabeça e na maioria dos casos o corpo também, a quantidade destas pintas varia com o lugar onde são capturados. Estas cores intensificam-se na época do acasalamento, é aqui que eles ficam verdadeiramente magníficos.
No lago, os Eretmodus vivem junto das rochas passando os dias a arrancar a rica cobertura biológica para comerem as algas e pequenos invertebrados que nelas se alojam. Neste habitat que recebendo uma quantidade elevada de luz solar consequência da sua pequena profundidade, as pedras encontram-se cobertas de uma grande quantidade de algas, sendo aqui que eles se alimentam e conseguem combater o seu apetite voraz.
Toda a via, podemos dizer que os seus dentes cor-de-laranja que sobressaem na boca estão perfeitamente adaptados para raspar as superfícies das pedras. No aquário, eles reproduzem este comportamento raspando os vidros, as pedras, as folhas mais largas das anúbias.
A sua facilidade de captura no seu meio natural é a principal razão de quase todos os Eretmodus que encontramos no mercado serem selvagens. Com efeito, a introdução de peixes de origem selvagem no aquário é por vezes a causa da introdução de germes patogénicos (hexamita, doença do buraco na cabeça, etc…) dentro do aquário, contra as quais estes peixes são imunes mas os peixes que temos no aquário não o são. Por esta razão devemos tratar preventivamente todos os peixes de origem selvagem num aquário hospital, com Flagyl, antes de os introduzirmos no aquário principal. De qualquer maneira, e na maior parte dos casos esta desparasitação é efectuada no exportador.
A dose recomendada para este tratamento preventivo será de 500 a 1000mg para 100L, ou seja, 2 a 4 pastilhas de 250mg para cada 100L de água, repetindo este tratamento 3 vezes com 48 horas de intervalo entre cada tratamento. Não é necessário renovar a água durante nem depois do tratamento. Como diz o ditado : mais vale prevenir que remediar…

DistribuiçãoGeográfica
Em 1988, Boulenger descreveu o Eretmodus cyanostictus a partir de espécimes capturados perto de Mpulungu (Zâmbia), conhecido até então por “Kinyamkolo”. Na parte sul do lago, é a única espécie de ciclídeos gobbi presente e contrariamente na metade norte do lago, esta espécie vive na companhia de três outras espécies: Spathodus erythrodon e o Tanganyicodus irsacae na maior parcela desta metade do lago e do Spathodus marlieri nas águas do Burundi.
A maior parte dos Eretmodus que encontramos à venda no mercado e consequentemente nos nossos aquários são provenientes do Burundi, e apenas alguns exemplares são exportados da Zâmbia. Não há certezas que a população proveniente do Burundi seja da mesma espécie, actualmente os Eretmodus provenientes do Burundi e de toda a parte Norte do lago são classificados como Eretmodus sp. Norte Cyanustictus.
Um facto é que ele partilha o seu habitat com três outras espécies e que provavelmente foi afastado da sua zona de predilecção desenvolvendo um comportamento alimentar diferente.
Se compararmos estas duas formas ou variantes, poderemos constactar que os Eretmodus Cyanostictus do sul têm uma boca mais terminal (ponteaguda) do que a variante do Burundi. Se esta diferença estiver presente em todas as populações, devemos considerar estas duas formas como sendo espécies diferentes, e como tal não devemos juntá-las nos nossos aquários.
Ao longo do tempo, diversas variantes geográficas de Eretmodus foram exportadas e outras ainda são encontradas pela 1ª vez no lago. Estas diferenças, algumas mais significativas que outras, não são tão evidentes que entre outras espécies de incubadores bucais do lago, no entanto é desaconcelhado juntarem-se duas variantes de Eretmodus no mesmo aquário.

Origem
É muito provável que os ciclídeos gobie do lago tanganyika e as espécies do género Schwetzochromis, que continuam a viver nos estuários, tenham um ancestral comum.
S. Malagaraziensis pode ser encontrado unicamente no delta do Malagarazi e este incubador bocal vive principalmente em zonas muito movimentadas pela corrente.
Ainda não se sabe se este peixe tem um comportamento reprodutor de incubação biparental, mas de qualquer maneira é muito parecido aos gobies do tanganyika. O macho e a fêmea Schwetzochromis têm a mesma cor, o que poderá ser um indicador para eles não adoptarem a incubação maternal, tanto que os machos são desprovidos de ocelos pelo que não poderão “reproduzir” ou simular os ovos na barbatana anal.
Nenhum ciclídeos gobi apresenta acelos na barbatana anal. A primeira espécie muito parecida com os Schwetzochromis e que se adaptou a viver no seio do lago poderá ser o Simochromis marlieri. Em consequaência do seu regime omnívoro, uma especialização voltada para as algas poderá ter acontecido (Eretmodus) ou ter evoluído para os invertebrados (Tanganicodus). Estas espécies melhor adaptadas foram capazes de se reproduzir facilmente no lago, e o S. marlieri (mas rudimentar) ficou-se pelas zonas envolventes do delta de Malagarazi.

Alimentação
O seu comportamento alimentar na natureza indica-nos o que fazer para os alimentarmos no aquário. Devemos ter em conta a sua especialização vegetariana. Como todos os outros peixes vegetarianos, os eretmodus têm um aparelho digestivo particularmente long, ao contrário dos peixes carnívoros, que o têm muito curto. Assim, se alimentarmos o eretmodus com inseptos ou coração de boi, ou outros alimentos ricos em proteinas, mais tarde ou mais cedo temos os nossos eretmodus mortos.
Devemos incluir no seu menu uma percentagem elevada de vegetais, tais como a spirulina. Temos também um alimento indicado para eles: a papa que se faz também para os mbunas do malawi.
Ad Konings, refere que se deve evitar a todo custo dar-lhes artémia, um alimento que em pouco tempo lhes pode causar distúrbios intestinais, à excepção de quando são alevins podendo-se complementar a sua alimentação com artémia recém nascida.
Em todo caso os eretmodus são peixes "glutões", comem que se fartam, normalmente no fim da refeição ficam com uma barriga bem redondinha e gorda, no entanto, devemos ter cuidado com a quantidade de comida administrada porque podemos estar a dar demais e assim poluirmos a água do aquário.

Reprodução
Quando um casal está pronto para se reproduzir, escolhe uma pedra mais ou menos plana e é debaixo desta que se desenrola todo o ritual. Os dois parceiros colocam-se lado a lado e a fêmea roda em círculos em torno de si própria. Em cada volta ela vai largando um ou mais ovos os quais são apanhados na volta seguinte. O macho também roda sobre si próprio largando o esperma nos locais onde a fêmea vai largando os ovos. A fecundação dos ovos parece ser feita no local de postura e não na boca da fêmea que vai mordendo a barbatana anal do macho provavelmente para avaliar o seu esperma. Entre 10 e 30 ovos são postos durante o acasalamento, os quais vão ser incubados pela fêmea nos primeiros 12 dias seguintes à postura. Em vez do comportamento clássico praticado pelos incubadores bucais do tipo maternal, os Eretmodus são incubadores bucais bi-parentais. Este modo de reprodução constitui um método intermédio entre os que põem sobre o substrato e os incubadores bucais maternais. Passados os 12 dias de incubação, a fêmea dá a entender ao macho que lhe vai passar as larvas. Os ovos neste momento ainda não atingiram o seu estado final de desenvolvimento, apenas de vê uma cabeça minúscula e uma cauda muito finas agarradas ao ovo (saco vitelino) do qual eles se alimentam até ao seu desenvolvimento final. O casal procede então à passagem dos alevins. O macho vai recolhe-los e incubá-los durante mais 12 dias aproximadamente. Passados estes dias ele irá largas os alevins que são cópias exactas dos pais em tamanho reduzido e que medem aproximadamente 8 a 10 cm.
Normalmente, e devido principalmente à inexperiência do casal, a fêmea incuba os ovos sozinha durante os 24 dias, mas contudo depois da 2ª ou 3ª incubação normaliza e o macho começa a incubar os ovos ao fim do tempo previsto.
Os alevins nascidos, tendo em conta que o casal não cuida deles após o seu nascimento, podem ser capturados e separados num aquário de crescimento e alimentados com comida reduzida a pó, larvas de artémia, ou outro alimento que eles possam comer.

Conclusão
Se por acaso tiverem oportunidade de encontrar Eretmodus Cyanostictus em alguma loja de aquariofilia e se tiverem um aquário vazio para eles, não exitem em comprá-los e experimentar manter estes belos “palhaços” do Tanganyika, com um comportamento geral e reprodutivo foram do comum e muito interessante. Se experimentarem, podem ter a certeza que não se vão arrepender, irão ficar fascinados com estes pequenos peixes.
Neste momento tenho 2 casais reprodutores, um casal Eretmodus cyanostictus zâmbia e um casal Eretmodus cyanostictus kasanga (os apresentados nas fotos). Os zâmbia já tiveram várias reproduções, os kasanga vão na 2ª reprodução (uma a crescer no aquário de crescimento (cerca de 20 alevins) e a 2ª ainda na boca da fêmea!
João Magalhães 23/08/2008

Telmatochromis sp. “temporalis shell”

Fotos
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Este pequeno ciclídeo proveniente do lago Tanganyika, medindo no máximo 7cm (4cm para a fêmea) é muito raro aparecer nas lojas portuguesas e a informação existente na internet também não é muita. A informação que é habitual encontrar-se é quase exclusivamente relativa a experiências de aquariófilos.
Pode-se dizer que o T. temporalis shell é uma forma anã do T. temporalis (Poll, 1946) já que a principal diferença entre eles é o tamanho. No entanto, e muito provavelmente devido a esta diferença, o T. temporalis shell tem comportamentos diferentes no que respeita ao seu habitat preferido para viver e se reproduzir.
Pode ser encontrado em quase todo o lago Tanganyika, no entanto os que se têm capturado são provenientes de do Sul do lago (Sumbu, Mbity), na costa central (Karilani Island), e ainda no Norte (Nyanza Lac).
No seu meio natural ele vive em campos de conchas mortas de Neothauma e usa-as para se proteger e procriar, ao contrário do T. temporalis que vive em zonas rochosas e usam as cavidades entre elas para se protegerem dos predadores e para procriarem.
Deverão ser mantidos numa água bastante alcalina e dura, à semelhança de outras espécies provenientes deste lago, e a uma temperatura de 25 a 27 ºC.
A minha experiência com estes pequenos ciclídeos começou quando em Outubro de 2004 (Feira de Vichy) comprei alguns indivíduos ainda de tamanho reduzido. O seu crescimento foi bastante rápido e depressa consegui ver um casal formar-se e começar a distribuir porrada em tudo o que mexesse. Não toleram ninguém perto da concha onde fazem o “ninho” mesmo indivíduos desta espécie. Peixes robustos como os “plecos” ou os “limpa vidros” têm dificuldade em resistir aos ataques destas “feras”.
Actualmente mantenho um casal, o macho com 6cm e a fêmea com 4cm aproximadamente, num aquário de 60Lts (60x35x35), onde já fizeram três posturas e até agora bem sucedidas, os alevins estão bem de saúde e com um ritmo de crescimento bastante bom. Eles protegem a sua prole como nunca vi acontecer com outros ciclídeos, quando atacam é mesmo para matar. Para se aperceberem desta agressividade que estes ciclídeos possuem, eu um belo dia decidi experimentar colocar um casal de N. ocellatus juntamente com eles num aquário de 200L, não passou uma semana sem que o casal de ocellatus aparecesse morto. Os cyprichromis que normalmente só ocupam a zona superior do aquário, mesmo estes são “caçados” com uma brutalidade incrível. Ainda relativamente à reprodução e comportamento na criação dos filhos, há relativamente pouco tempo e após ter observado o desenrolar das várias posturas, pude constatar um pormenor muito interessante relativo ao cuidado que estes peixes têm com as crias: quando a ninhada mais velha atinge um determinado tamanho que os pais considerem já perigoso para estarem com a ninhada mais nova, podendo uns ser predadores dos outros, nesse caso os pais consideram que a ninhada mais velha terá que arranjar novo lar e então começam a não deixar chegar por perto do ninho esses filhos maiores, tendo estes que se esconder dos pais e principalmente da mãe já que este comportamento é quase exclusivo da fêmea, o macho parece não se incomodar muito com as diferentes ninhadas.
Uma informação curiosa recolhida de alguns “pescadores” locais é que o tamanho máximo destes peixes capturados é de 4cm e quando colocados em aquários de quarentena rapidamente atingem os 7cm (isto para os machos), e segundo eles poderá ser devido aos de maior tamanho serem devorados pelos predadores devido ao facto de já não caberem nas conchas? Outra teoria, em redor deste facto, também defendida por vários investigadores, prende-se com um mecanismo natural de “defesa” que não os deixa crescer perante a ameaça permanente dos predadores, ou seja, se crescerem são comidos, então naturalmente eles não crescem e assim continuam a poder usar as conchas como abrigo.
À excepção de se manterem sozinhos, este ciclídeo deverá ser mantido num aquário relativamente grande (300L), Com companheiros de aquário peixes robustos tais como Altolamprologus, alguns Neolamprologus ou Variabilichromis, ao contrário os Julidochromis por exemplo não serão de todo uma boa opção, muito menos outras espécies de Telamatochromis ou outros conchículas (N. ocellatus, N. similis, N. meeli, etc…) já que mesmo com agressividades parecidas vão lutar pelos mesmo nichos e como tal uns ou outros saem prejudicados.
O biótopo preferido por eles será um amontoado de rochas médias bem firmes, de preferência pousadas no vidro do fundo, já que estes pequenos ciclídeos são uns escavadores natos e que gostam de escavar e decorar o seu território ao gosto deles.
Perto das rochas será necessário providenciar um “campo” de cochas de tamanho médio, Neothauma de preferência ou te tamanho equivalente, para que numa destas conchas a fêmea faça a suas posturas e o macho consiga também entrar na concha ajudando na “ventilação” dos ovos fazendo com que o sucesso da postura seja maior e a fêmea tenha mais tempo para passear pelo aquário.
Este ciclídeo é bastante prolífero, fazendo posturas regulares de 3 em 3 semanas aproximadamente e nascendo em cada uma delas entre 50 a 80 alevins.
Os alevins começam a sair da concha e a nadar em plena água aos 10 dias, mas para os vermos facilmente no aquário teremos que nos aproximar com muito cuidado sem que eles nos vejam, pois quando detectam algum movimento desaparecem todos para dentro da concha ou de uma fenda que exista nas rochas mais próximas.
O seu regime alimentar é quase exclusivamente vegetariano mas não recusa qualquer alimento mesmo que este seja de origem animal, logo devemos evitar todo o alimento com teor elevado de proteínas animais, como a artémia, coração de boi ou outros. As pastilhas de spirulina serão um bom alimento para os pais como para os alevins.
De todas as espécies de conchícolas que mantenho, esta deverá ser a mais interessante devido ao seu comportamento “agressivo” e principalmente ao seu carácter muito “vincado” não se deixando intimidar por nenhum peixe mesmo que este seja o dobro ou o triplo do seu tamanho.
Outra particularidade deste pequeno ciclídeo é a sua capacidade de se adaptar à cor do substrato existente, ou seja, se o substrato for claro ele fica com uma cor quase transparente, mas se o substrato for escuro ou se estiver sobre uma rocha escura a sua cor é castanha escura quase negro. A sua alteração do estado de “stress” também altera por vezes a sua cor alternando entre castanho-claro (quase bege) e o castanho-escuro quase preto.Aconselho todos os amantes dos ciclídeos do Tanganyiva que experimentarem manter esta bela espécie de conchícola, mesmo se a sua cor não é das mais interessantes e mais vistosas, irá com certeza animar o vosso aquário, tanto pelo seu comportamento muito marcado como pelo seu comportamento reprodutor como pelo seu instinto de arquitecto paisagístico de “castelos de areia”, tendo sempre em conta a sua agressividade para com os outros habitantes e com a alimentação, mas como referi no inicio, não será fácil de encontrar nas lojas portuguesas.